Na última sexta-feira, 13, data em que marca o Dia Municipal de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, instituído pela Lei nº 8927 de 2012, a Prefeitura de Belém, representada pelo titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Sérgio Amorim, reuniu com o oficial de Juventude e HIV/Aids do Fundo de População da Organização das Nações Unidas (ONU), Caio Oliveira, na sede da Secretaria, para as tratativas do Projeto Bora Saber.

O projeto contempla estratégias de aceleração à resposta da epidemia de HIV/Aids, sobretudo, em jovens de 15 a 29 anos, no qual prevê que, por meio da mobilização interpares, os jovens do projeto, chamados de vinculadores, possam acessar outros jovens, levando informação qualificada sobre prevenção combinada do HIV/Aids e a testagem voluntária, por meio do fluido oral.

“Os jovens que forem identificados com HIV/Aids serão acompanhados pelos vinculadores, direcionados ao serviço de saúde para confirmação do diagnóstico por meio de exames laboratoriais, e iniciação do tratamento em reagentes positivos. O projeto prevê ainda a execução de estratégias multidisciplinares com psicólogos, nutricionistas, dentre outros profissionais, a fim de uma maior adesão ao tratamento”, explicou Caio.

O Bora Saber já foi implementado em Porto Alegre e em Boa Vista e, em Belém, de acordo com Sergio Amorim, virá para complementar os avanços na pasta da saúde no município. “Temos equipes que têm realizado um trabalho louvável em relação ao HIV/Aids. Descentralizamos os serviços, conseguimos resultados expressivos e, acreditamos que novos projetos serão muito bem-vindos, vislumbrando assim, avanços cada vez mais significativos no município de Belém”, ressaltou.

A celebração desta parceria está prevista para abril deste ano e contará ainda com o apoio de uma Organização Não-Governamental (ONG) capacitada e com expertise técnica na área de HIV/Aids para a execução do projeto.

Participaram ainda do encontro o coordenador da Referência Técnica IST/Aids e Hepatites Virais, Reginaldo Junior; o gerente do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Harry Sardinha; o gerente do Centro de Atenção à Saúde nas Doenças Infecciosas Adquiridas (Casa Dia), Cledson Sampaio; e a coordenadora das Casas Especializadas, Rosângela Ribeiro.

Capacitação – A Sesma, por meio do Núcleo de Promoção à Saúde (NUPS), também realizou na tarde de ontem (13), capacitação com equipes multiprofissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que irão descentralizar o tratamento de HIV/Aids no município. “Nosso objetivo é dar o suporte técnico para estes profissionais, fazendo com que eles entendam o manejo clínico das pessoas ivendo com HIV/Aids (PVHIV), além de oferecerem um atendimento humanizado”, destacou Reginaldo.

As Unidades de Saúde que terão o serviço descentralizado são: Icoaraci, Maracajá (Mosqueiro), Marambaia, Sacramenta e Guamá. A implementação do serviço encontra-se na fase preparatória da equipe multiprofissional, médica e farmacêutica, em um trabalho de integração com o CTA e o Casa Dia. A previsão de funcionamento do serviço é para o primeiro semestre deste ano.

Segundo Reginaldo, o serviço será ofertado às Pessoas Vivendo com HIV/Aids, que estejam há, pelo menos, seis meses em tratamento no Casa Dia, com carga viral indetectável e CD4 (contagem de células presentes numa gota de sangue) acima de 350. “Este paciente poderá escolher uma das unidades próximas da sua residência e agendar atendimento médico para a retirada da medicação na própria unidade de saúde”, explicou. As capacitações iniciaram em dezembro do ano passado.

Descentralização – Para a psicóloga da estratégia Consultório na Rua (CnR), Rita Rodrigues, a descentralização vem para fortalecer a adesão ao tratamento dos usuários. “Além de ajudar este paciente a continuar o tratamento, é também uma forma de inclusão, pois sabemos que também existem as questões sociais, como a dificuldade de locomoção para o tratamento em uma unidade de referência. Com a descentralização, este usuário poderá continuar o tratamento mais próximo da sua residência. É uma estratégia valiosa para a sua inclusão na rede”.

Já a farmacêutica Edivana Barral, acredita que só através dessas discussões se consegue chegar em um denominador comum. “É olhar o paciente como um todo, seu lado sócio-cultural, para que o tratamento tenha continuidade e não seja quebrado, sendo concluído de forma eficaz e, reduzindo assim, a transmissão do HIV/AIDS”.

Texto: Suênia Cardoso