O programa de acolhimento Pacto Belém Pela Vida completou um ano de ações nesta quarta-feira, 10. Para comemorar, uma programação especial foi realizada na sede do programa que atende moradores em situação de rua, usuários de álcool, crack e outras drogas.
A cerimônia iniciou com a exibição de um vídeo que apresentou diversas ações do programa e depoimentos de quem já foi atendido. “Temos muito que comemorar no dia de hoje, mais de 200 pessoas já foram atendidas pelo programa, e muitas ações serão realizadas nesse ano, por exemplo, nesse mês faremos três ações de acolhimento de moradores em situação de rua em pontos importantes da capital. E, até final do ano, o projeto ‘Dá pra fazer’ realizará a entrega de um albergue com capacidade para doze pessoas”, explicou coordenador do programa, José Maria de Lima.
De acordo com o coordenador, a intenção do programa de acolhimento Pacto Belém Pela Vida é diminuir o número de pessoas que moram na rua, a partir da reintegração destas pessoas à sociedade. Ele ainda ressalta que, neste um ano, o trabalho já avançou muito e que as políticas públicas integradas são fator fundamental neste progresso.
Durante oito anos, Jorge Oliveira morou nas ruas de Belém. Viciado em drogas e sem trabalho, ele começou a roubar. “Cometi todos aqueles delitos de quem mora na rua. Passava fome, era viciado em todos os tipos de drogas. Conheci o Centro Pop há dois anos, foi quando comecei a participar e me submeter ao tratamento oferecido”, disse o ex-morador de rua.
Jorge ainda conta que participava de cursos oferecidos pelo abrigo da prefeitura, no qual morava, e que com a inauguração do programa, sua vida mudou. “Hoje sou funcionário público, e não apenas alguém atendido pelo programa, trabalho como sensibilizador no lugar que me deu de volta a vida”, afirmou.
Psicóloga do programa através do “Consultório na Rua”, desde setembro de 2014, Patrícia Virgulino afirma que a recompensa do extenso trabalho é o olhar e sorriso de quem é atendido. “Nossa primeira proposta é levar para eles cidadania e atendimento de saúde, mas nosso trabalho acaba indo além. Trabalhar com eles significa buscar a todo o tempo autoconhecimento, porque não é fácil ver um ser humano em situações precárias. O afeto que eles nos entregam já é o pagamento de todo esse trabalho”, disse.
O primeiro contato requer cuidados. Uma avaliação inicial é realizada com coleta de dados, levantamento do nível de dependência química. Grande parte dos atendimentos são realizados entre pessoas com idade a partir dos 30 anos, de ambos os sexos, e que perderam total contato com a família. Segundo a psicóloga alguns atendimentos demoram porque o paciente não se sente confortável ao falar sobre a sua vida. “O processo psicoterápico é um pouco demorado. O nosso tempo depende muito do tempo deles”, afirmou.
Segundo a assistente social do Pacto Belém Pela Vida, Eliane Guimarães, outro objetivo do programa é garantir direitos aqueles que se tornaram invisíveis na sociedade. “Buscamos a garantia dos direitos sociais desde o primeiro contato com eles. A minha equipe atende na área do entorno do Ver-o-Peso. São pessoas em situação crítica, que atendemos todos os dias, oferecendo um trabalho diferenciado”, disse.
Texto: Edson Oliveira