Um pequeno mosquito e três doenças. Essa é a realidade hoje do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e, mais recentemente, zika, que são doenças com sintomas parecidos. Por isso, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde, está intensificando e reforçando ainda mais os trabalhos para a redução dos focos do mosquito, contando também com o engajamento da população.
O Aedes aegypti é um mosquito com tamanho inferior a um centímetro, machas brancas no corpo e nas pernas. Possui circulação ativa no início da manhã e no final da tarde, mas estudos recentes apontam que o mosquito está sofrendo adaptações, que o tornam mais resistente e com circulação ativa durante o dia todo. Em geral, quem pica é a fêmea, que precisa alimentar os ovos.
De acordo com Leila Flores, diretora da Divisão de Vigilância em Saúde (DEVS/Sesma), o Aedes infectado pica e retransmite o vírus para as pessoas. “O ciclo de transmissão é homem – Aedes aegypiti – homem. O vírus permanece no mosquito durante todo o seu ciclo de vida, que pode variar em torno de 30 dias. Neste intervalo, uma fêmea pode pôr 1.500 ovos, que possuem resistência ao ressecamento de 15 horas depois da postura. Desta forma, o ovo do Aedes aegypti pode resistir no ambiente por até 450 dias. Por isso, a preocupação tem que ser o ano todo e de todos”, afirma.
Esse trabalho permanente de combate aos criadouros do mosquito perpassa pela eliminação de água parada. Segundo o último Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa), pesquisa que identifica as áreas prioritárias para medidas e ações estratégicas de controle e combate ao mosquito Aedes aegypti, visando à redução dos índices de infestação e, consequentemente, o controle da dengue, chikungunya e zika, os depósitos preferidos pelo mosquito em Belém são: vasos, frascos com água, recipiente de degelo (atrás da geladeira), bebedouros, fontes ornamentais, aquários sem peixes larvófagos (que se alimentam de larvas), tanques em obras e borracharias, calhas, lajes, lixo, vasilhas plásticas e/ou descartáveis, garrafas, latas, sucatas e ferro velho.
Para Leila Flores, esses depósitos precisam de fiscalização frequente para evitar a proliferação do mosquito antes da eclosão dos ovos ou que cheguem à forma alada (adulta). “É muito importante a eliminação desses criadouros e a população precisa ser nossa parceira neste trabalho. Temos agentes de controles de endemias capacitados para o trabalho de combate ao vetor (da larva ao mosquito adulto) e às orientações sobre dengue, chikungunya e zika, que estão percorrendo todos os bairros de Belém para orientar a população a fim de não produzir e eliminar os depósitos”, garante.
De janeiro a outubro de 2015, Belém já registrou 1.140 casos confirmados de dengue e 26 casos confirmados de zika. Já o chikungunya ainda não tem transmissão local, tendo dois casos positivos de origem importada (transmissão em outras localidades). “Os números de casos podem assustar, mas refletem a qualidade do serviço prestado pela Secretaria Municipal de Saúde, que está empenhada em identificar novos casos. Por isso, nossa orientação aos profissionais de saúde é notificar qualquer caso suspeito para que possamos agir segundo o Programa Municipal de Controle da Dengue e tratar a pessoa em seus sintomas e tomar as medidas de eliminação do mosquito nas áreas em que há casos confirmados”, explica Leila Flores.
Para o combate à dengue, zika e chikungunya, a Sesma também está fortalecendo a equipe de trabalho com mais 524 agentes de controle de endemias. Além da parceria com outras secretarias que formam o Comitê Municipal de Mobilização contra a Dengue para limpeza de vias e canais, poda das árvores e coleta de resíduos sólidos e entulhos. “Diariamente fazemos a aplicação do aero system em residências e do fumacê nos locais com casos confirmados e, regularmente, capacitamos nossos agentes de controle de endemias no assunto”, frisou Leila.
Casos suspeitos precisam ser notificados à Vigilância Epidemiológica para investigação e controle de vetor. Em casos de grande quantidade de mosquitos e para informações sobre a doença, a população pode ligar para o Disque Endemias, no telefone 3344-2466 e para a Vigilância Epidemiológica 98417-3985 ou 3344-2475 / 3344-2456.
Texto: Paula Barbosa