Há dois anos, um simples instrumento de trabalho mudou a vida dos usuários que frequentam a Estratégia Saúde da Família (ESF) da Condor: mapas territoriais de áreas do bairro, sinalizados em cores e com fotos da equipe de agentes comunitários de saúde (ACSs), enfermeiro, médico e técnico de enfermagem. A ideia surgiu quando a enfermeira Ana Cristina Costa Góes, 39 anos, observou a dificuldade dos pacientes, ao chegarem à unidade, de informar quem era o agente que atendia a sua área.

“Tudo começou quando precisamos remapear as áreas de cobertura dos ACSs e alguns agentes foram trocados de microárea. Com isso, alguns pacientes, principalmente jovens e idosos, não conseguiam lembrar o nome do seu agente e, muitas vezes, ficavam envergonhados quando ajudávamos tentando atribuir características físicas para saber quem seria o servidor. As pessoas na recepção ficavam olhando, o paciente ficava envergonhado e foi então que decidi buscar uma alternativa para facilitar este serviço”, contou a enfermeira.

Com a fácil identificação do ACS pelo usuário, por meio do mapa, o atendimento ganhou também agilidade, pois na recepção é possível ter de forma prática o acesso ao prontuário e continuidade do atendimento.

Elizabeth Batista, 56 anos, é uma das usuárias que frequenta a unidade há mais de um ano e aprovou a ferramenta. “É muito simples e prática. Basta olhar e já sabemos quem é o agente da nossa área. Aqui na unidade somos muito bem assistidos, com atendimento realmente humanizado. Eu faço acompanhamento constante por conta da glicose alterada e tenho muito apoio tanto da agente de saúde que realiza as visitas em casa quanto da equipe que me atende aqui”, conta.

Esse reconhecimento, para a ACS Anizia Teixeira Mendes, 59 anos, é motivo de gratidão. “Nossa profissão permite que, aos poucos, possamos adentrar na vida do paciente e conquistar sua confiança. É um trabalho contínuo, de ouvir, de saber o que se passa na vida do paciente e do que ele precisa. Esse contato diário permite que eu seja uma pessoa melhor, afinal, ser agente de saúde é para quem está disposto a ouvir e a ajudar o próximo”, acredita.

Parceria – O trabalho de toda a equipe da ESF começa com as visitas do agente de saúde às casas cadastradas, identificando as necessidades das pessoas em relação a doenças ou outros agravos. Toda uma assistência e orientações em saúde são dispensadas aos moradores. O ACS se torna a ponta deste início de atendimento, que também conta com visitas de médicos e enfermeiros nas residências da comunidade.

“Por isso a importância do mapa adaptado. Somos uma equipe grande e nem sempre os usuários conseguem lembrar a fisionomia ou o nome de todos”, complementa Ana Cristina.

Além das consultas e visitas, o atendimento oferecido pelas equipes também abrange as ações extramuros, ou seja, fora da unidade de saúde, mas dentro da área de cobertura dos endereços cadastrados. Algumas vezes, acontecem até mesmo em espaços amplos nas casas dos próprios usuários.

Ainda segundo a enfermeira, existe uma relação de parceria com a comunidade, a partir da qual são planejadas ações, articulados espaços para atividades, lanches, dentre outras iniciativas. “Tudo isso, além do mapa, é a nossa forma de atendimento, sempre muito bem respeitosa um com o outro. O SUS (Sistema Único de Saúde) é nosso e, quanto mais fizermos para elevá-lo e fortificá-lo, teremos cada vez mais um atendimento de qualidade, profissionais humanizados e usuários com acesso à saúde. Quando vejo alguma forma de ajudar, não meço esforços, pois acredito que precisamos fazer o melhor para o outro, e fico muito feliz em ver que temos uma maneira de dar este acesso com o mapa que criamos”, ressalta.

Texto: Suênia Cardoso