A Bacia da Estrada Nova, considerada uma das áreas críticas de descarte de lixo e entulho na via pública de Belém, principalmente às margens de canais, recebeu a campanha “Lixo no chão Não!”, promovida no final de semana, para sensibilizar os moradores dos bairros da Cremação e Condor sobre a importância de dar destino correto ao lixo e assim, melhorar a saúde da população e proteger o meio ambiente. A ação ocorreu às margens do Canal da travessa Doutor Moraes, na esquina da rua São Miguel, com mobilização na Igreja Centrão. O local escolhido para a mobilização concentra um ponto irregular de lixo e entulho que passou por limpeza.
Para a dona de casa Suely Chaves, a campanha, realizada pela Prefeitura de Belém por meio da subcoordenação ambiental do Programa de Saneamento Básico da Bacia da Estrada Nova, é fundamental para a comunidade porque o problema do lixo impacta diretamente na vida de todos os moradores. “Nós que moramos aqui, na baixada da Doutor Moraes, nós somos os mais prejudicados. Infelizmente, o lixo nem é tanto daqui da comunidade, são os carroceiros que trazem. Eles precisam ganhar o pão deles, infelizmente trazendo e lixo e jogando aqui na nossa esquina. Nós, os moradores, é que sofremos, que temos crianças. À noite, é muito carapanã. A gente tem que fechar a casa cinco horas da tarde, porque se a gente deixar para fechar mais tarde, carapanã não deixa a gente dormir”, lamentou Suely.
Lixo na Bacia da Estrada Nova – Com uma população de aproximadamente 240 mil habitantes (Censo IBGE/2010), a Bacia da Estrada Nova possui hoje sete canais que estão localizados na avenida Bernardo Sayão, na travessa Doutor Moraes, na avenida Generalíssimo Deodoro, na travessa 14 de Março, na rua dos Caripunas, na travessa Quintino Bocaiúva e na travessa 03 de Maio. Às margens de todos eles há registros de pontos de despejo irregular de lixo e entulho. Alguns em mais de um ponto, como o da Bernardo Sayão, com acúmulo de resíduos em diferentes áreas por toda a extensão do canal. Somente nos bairros da Cremação, Condor e Jurunas, a Secretaria Municipal de Saneamento recolhe mais de 2.600 toneladas de lixo domiciliar (604 toneladas na Cremação, 826 toneladas na Condor e 1.245,87 toneladas no Jurunas) por mês. São mais de 31.200 toneladas por ano.
“A gente vê a limpeza, mas infelizmente, às vezes, as pessoas da prefeitura acabam de limpar, os carroceiros já vêm e jogam. E a prefeitura vem fazendo a limpeza do canal, tanto, que nem todas as chuvas enchem a nossa rua. Mas, infelizmente, as pessoas não têm consciência disso. A prefeitura tá fazendo a parte dela e nós moradores, a gente tem que fazer a nossa parte para ajudar, né?”, defende dona Suely.
Anualmente a Prefeitura de Belém desembolsa cerca de 24 milhões de reais somente na coleta de material abandonado de forma indiscriminada nas ruas e margens de canais da cidade. São, em média, 600 toneladas de resíduos recolhidas por dia, fora o que o poder público não consegue alcançar regularmente nos mais de 600 pontos de despejo criminoso já mapeado pela Secretaria Municipal de Saneamento.
Vanessa da Costa Fernandes, moradora da travessa Quintino Bocaiúva, diz que os moradores já estão mais conscientes dos cuidados com o lixo. “Eu moro na parte que tem canal e lá era cheio de lixo. Os moradores jogavam muito lixo. Hoje em dia, os moradores se organizaram e começaram a colocar aqueles pneus e a encher de flores. E isso dá um outro visual. As pessoas começaram a se conscientizar”, conta a dona de casa que não entende porque o carro do lixo não leva o entulho na coleta regular.
A assistente social Kelly Sousa, responsável pela operacionalização da campanha, explicou que o lixo e o entulho são levados para áreas diferentes e, por isso, cada um tem que ser levado pelo coletor específico. “Na campanha, nós estamos reforçando os contatos da Secretaria Municipal de Saneamento que faz a coleta de entulho com agendamento pelo telefone 156. É preciso ligar de telefone fixo para garantir o contato e tirar todas as dúvidas sobre lixo e entulho, data e horário de coleta, fazer reclamações ou tirar dúvidas”, informou Kelly.
A engenheira Luciana Vasconcelos, coordenadora do Programa de Saneamento Básico da Bacia da Estrada Nova, destaca que o programa prevê ações de melhoria no sistema de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem, construção de unidades habitacionais e comerciais, além da regularização fundiária. “E para dar sustentabilidade a todas essas intervenções, a Prefeitura de Belém está oferecendo cursos e oficinas na área social e ambiental e o resultado nós entendemos que são excelentes”, avalia a engenheira, que destaca o grande envolvimento da comunidade em todas as ações.
O Programa – O Programa de Saneamento Básico da Bacia da Estrada Nova faz parte do Sanear Belém, programa macro da Prefeitura de Belém para promover o desenvolvimento urbano, recuperação ambiental e o fortalecimento comunitário em áreas socialmente vulneráveis. O projeto de obras e ações socioambientais que devem alcançar 13 bairros de Belém está orçado em 250 milhões de dólares, sendo 125 milhões financiados pelo BID e os outros 50% contrapartida do município.
Para informações sobre obras, ações ambientais, cursos e oficinas, basta ligar para o Plantão Social da Unidade Coordenadora do Programa: 0800 095 0016.
Texto: Tania Menezes