Em uma ação realizada na manhã desta quinta-feira, 11, técnicos e servidores da Fundação Papa João XXIII (Funpapa) fizeram abordagens a várias pessoas em situação de rua, que estavam no Complexo Ver-o-Peso e nas praças do Relógio, Dom Pedro II, Frei Caetano Brandão e do Carmo, no bairro da Cidade Velha. Durante esse contato, feito por três equipes da Fundação, as pessoas foram convidadas para se encaminhar para o ginásio Altino Pimenta, no bairro do Reduto, e quase 70 delas aceitaram o convite.

Por volta das 9 horas, a ação teve início e os moradores foram conduzidos ao ginásio, localizado no bairro do Reduto. Nesse local, eles fizeram higiene pessoal, tomaram café da manhã, obtiveram ações da rede de serviços – como emissão de Carteira de Identidade e encaminhamento ao Portal do Trabalhador -, participaram de atividades recreativas, esporte e cultura e almoçaram. Além disso, eles receberam orientações sobre saúde e ganharam bênção e acolhimento especiais feitos pelo padre Ronaldo Menezes, da paróquia São Geraldo Magela. Depois do almoço, todos voltaram para os lugares onde ficam a maior parte do dia ou dormem.

Toda a atividade, desde a abordagem nas praças até as atividades no ginásio, teve apoio da Guarda Municipal de Belém, Ordem Pública, secretarias municipais de Saúde (Sesma) e Juventude Esporte e Lazer (Sejel), Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae) e Coordenação das Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (Copsan).

Trabalho – A coordenadora geral de Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Luzia Moraes, disse que o trabalho com as pessoas em situação de rua é de abordagem contínua e sistemática. “É uma conquista diária e para essa ação que estamos fazendo agora, a abordagem foi feita por nossas equipes que sempre estão nas ruas, em contato com essas pessoas. Desde o início da semana, foram distribuídos convites a elas. Quando chegamos para buscá-los, eles só vão conosco se quiserem, no direito de todos de ir e vir, mas a maioria aceita”, explicou a coordenadora.

Luzia disse ainda que por conta do trabalho feito pelas equipes da Funpapa, os moradores já passam a confiar neles. “Conhecemos as pessoas pelos nomes, por apelidos, e elas confiam em nós. Alguns são trabalhadores, como flanelinhas, pintores, catadores de latinha, pedreiros e outros, que nos pedem cursos de qualificação e procuramos sempre atendê-los”, pontuou.

Jonas de Souza da Silva, de 27 anos, nasceu em Portel, veio para Belém há 12, e dorme há dois na praça Dom Pedro II. Ele foi um dos que aceitaram o convite da Fundação. “Eu já tinha participado de uma atividade igual a essa com o pessoal de uma igreja, mas com a Funpapa é a primeira. Vou aproveitar para fazer higiene, porque assim não vou precisar pagar pelo banheiro”, comemorou Jonas.

Registro – Todas as pessoas que foram conduzidas ao ginásio Altino Pimenta passaram por um registro de dados. “O objetivo dessa relação é para que possamos fazer um levantamento de quantas pessoas em situação de rua existem em Belém. A situação nas ruas está ficando cada vez mais difícil, com essa listagem iremos procurar uma solução para esse problema”, informou Luiza Moraes.

Luann Barbosa, de 26 anos, há seis morando na rua Magalhães Barata, em São Brás, já é um velho conhecido dos técnicos da Funpapa. Ele estudou em um curso de Eletrônica, faz manutenção de celulares e tablets e mostrou, com orgulho, um celular antigo que conseguiu recuperar e que está funcionando muito bem. “Eu sei fazer consertos, e quero a chance de trabalhar e ter o meu dinheiro. Já fui encaminhado ao Portal do Trabalhador e estou muito contente. Vir aqui ao ginásio foi muito bom”, contou Luann, que enfatizou que o atendimento “estava excelente”.

Além do trabalho de abordagem e orientação feito pelas equipes da Funpapa junto às pessoas em situação de rua, a Prefeitura Municipal de Belém mantêm dois Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), um no bairro da São Brás e outro no Distrito de Icoaraci e também duas Casas Abrigo de Moradores de Rua (Camar I e II), uma na avenida Alcindo Cacela e outra no bairro da Cidade Velha.

Texto: Dedé Mesquita