Um mutirão na Unidade Municipal de Saúde do Tapanã, avaliou dezenas de pessoas para identificar possíveis casos de hanseníase. O mutirão é resultado de uma semana de mobilização que resultou na preparação e sensibilização de centenas de profissionais para a abordagem, diagnóstico e tratamento do doente.

A mobilização é iniciativa de uma parceria do Município, Estado e União dentro do Projeto do Ministério da Saúde Novas Abordagens para Intensificar Esforços para um Brasil Livre da Hanseníase. O Ministério trouxe para Belém três equipes compostas por especialistas hansenólogos, dermatologistas, enfermeiros e técnicos para capacitar os profissionais do município. De acordo com a representante do Ministério da Saúde, Jurema Guerrieri Brandão, a participação dos agentes comunitários de saúde foi surpreendente. “Aqui a participação dos aces’s foi muito boa, porque nós vimos o quanto eles se envolveram. Temos mesmo que ter um olhar diferente o tempo todo para o paciente que tem hanseníase, porque essa população adoece com muita facilidade”, alertou Jurema.

No ano de 2015 foram detectados 238 (duzentos e trinta e oito) casos novos de Hanseníase em Belém, dos quais 82,48% evoluíram com cura. De acordo com a diretora do Núcleo de Promoção a Saúde (NUPS) Rita Facundo, essa é uma doença antiga, estigmatizada, com diagnóstico e tratamento garantido pelo SUS nas unidades de saúde, mas ainda representa um grave problema de saúde pública. “Por isso o mutirão foi realizado, para que as pessoas entendam que o serviço de diagnóstico e tratamento existe em todas as unidades e que as pessoas devem procurar os postos de saúde”, ressaltou.

A médica Silvanete Dias explica que a maioria dos casos atendidos no mutirão não se confirmaram como hanseníase. “Na verdade, as pessoas procuram com uma mancha na pele desconfiando da doença, mas na maioria das vezes não é, só que é de extrema importância que essas pessoas que desconfiam da doença, procurem os serviços de saúde para serem avaliados e diagnosticados”, ressaltou.

A dermatologista do Ministério da Saúde, dra. Maria Catia, esclareceu ainda que a hanseníase é provocada por uma bactéria e que de cada 100 pessoas que têm contato com o bacilo, apenas dez adoecem. “Ela é uma doença que a pessoa pode pegar e não adoecer. Noventa por cento da população tem uma defesa definida e não adoecerá nem que tenha contato com alguém doente. Mas os 10% que podem adoecer precisam ficar bem atentos às sua pele, porque não se sabe identificar esses 10% por isso, é preciso observar uma mancha na pele que tem menos pelo, que sente menos, a sensibilidade, que a mancha é mais clara que a cor da pele”, explicou a especialista, lembrando ainda que se essa pessoa com suspeita não procurar os serviços de saúde ela pode evoluir.

Para o titular da Sesma, Sergio de Amorim Figueiredo, é preciso diminuir cada vez mais os casos de hanseníase em Belém. “Esse projeto do Ministério da Saúde abrange 20 municípios no Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins. O projeto tem a finalidade de reduzir o número de casos de hanseníase nas cidades selecionadas, com a ampliação do trabalho da detecção de casos novos. Em Belém nós sempre tivemos essa preocupação e por isso, reforçamos com capacitação os nossos aces’s e esse acompanhamento de possíveis casos e casos confirmados”, destacou o secretário.

O ambulante Claudio da Silva Neto, 47, desconfiou de uma mancha no braço, e quando foi alertado decidiu procurar o serviço de saúde para ser avaliado por um profissional especialista. “Na panfletagem dos agentes eu fui abordado e decidi vir hoje na unidade. Já me consultei com o médico e a mancha não é hanseníase”, contou aliviado.

Texto: Kezia Carvalho