A Prefeitura de Belém retomou, nesta quarta-feira, 20, as reuniões com os catadores do Aurá para discutir melhorias no projeto "Vida Nova", de implantação da coleta seletiva em Belém, para abastecer o Centro de Triagem de Material Reciclável (CTMR). O encontro aconteceu no auditório da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) e contou com a participação do titular da Sesan, Luiz Otávio Mota, do diretor do Departamento de Resíduos Sólidos do órgão, Janary Pinheiro, analistas e técnicos do Ministério Público do Estado, além de representantes de cooperativas de catadores de outros bairros da capital.

O projeto, segundo o secretário municipal de Saneamento, foi elaborado por engenheiros e técnicos qualificados e visa atender ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 2013, que encadeia uma série de medidas que devem ser tomadas pela administração municipal para o fechamento do lixão do Aurá.

"Nossa preocupação é garantir todas as condições sociais e de empregabilidade para os catadores do Aurá, que precisam ter garantida uma alternativa de renda após o fechamento do lixão. Por isso elaboramos esse projeto, que vai contratar inicialmente 500 catadores do Aurá para o Centro de Triagem e mais 200 para a coleta seletiva. Mas essa proposta não está fechada, estamos receptivos a sugestões que ajudem a melhorar a conepção do projeto para que possamos atender com dignidade todos esses trabalhadores", explicou Luiz Otávio Mota.

Em sua explanação sobre o projeto "Vida Nova", Janary Pinheiro, que há 12 anos trabalha diretamente na administração do Aurá, destacou todo o trabalho que está sendo feito pela Prefeitura no local, a citar a construção, já iniciada, do CTMR. "A Prefeitura garante que, com o apoio da Associação dos Catadores do Aurá, os trabalhadores cadastrados serão selecionados e passarão por uma capacitação de pelo menos 90 dias para atuarem na coleta seletiva ou no Centro de Triagem. O espaço que está sendo construído inclui, também, área de lazer com quadra de esporte, jardim, refeitório, vestiário e escola para aqueles que querem continuar os estudos", ressaltou.

A Prefeitura de Belém também vai trabalhar com a educação ambiental e conscientização da sociedade como frente de trabalho, além da ampliação do número de ecopontos – contêineres coletores de material reciclado – até o próximo mês.

Ainda segundo Janary, há uma estimativa de que a coleta seletiva, feita inicialmente em oito bairros de Belém, gere 1.200 toneladas de materiais que serão encaminhados para a CTMR. Com isso, segundo levantamentos feitos pelos técnicos e com base no valor médio da tonelada de lixo coletado, de R$ 578,00, a associação dos catadores deverá arrecadar, por mês, cerca de R$ 1.300 por mês.

Impasse

A discussão sobre o futuro do lixão do Aurá vem gerando impasse entre os catadores que atuam no local e de outras cooperativas de Belém. Segundo Ana Moraes, uma das lideranças da Associação dos Catadores do Aurá, o medo é de que outras pessoas tomem o lugar dos trabalhadores do lixão.

Jonas da Silva, presidente da Concaves, uma cooperativa de catadores de material reciclável da Terra Firme, defende veementemente quea categoria deve permanecer unida. "Eu estive em Brasília onde também havia muitas cooperativas, e vi que cada uma puxava para um lado e não conseguia nada. Há três anos eles conseguiram se unir e hoje têm a maior arrecadação do país. Então, estamos aqui para apoiar vocês (catadores do Aurá), e não tomar o espaço de outros trabalhadores como nós", afirmou.

O Ministério Público também se manifestou e ressaltou que a Prefeitura deve readaptar o projeto considerando todas as cooperativas da cidade.

Nesta quinta-feira,20, no auditório da Sesan, às 9h, acontecerá uma nova reunião com os catadores para tratar do processo de contratação dos trabalhadores que atuarão no projeto "Vida Nova".

Texto: Dandara de Almeida